25 de janeiro de 2008

Escola, a oficina do demo

Se tem uma época que a gente é destinado a fazer merda, essa época chama-se Vida Escolar. É aquele tempo que a gente não tem conta para pagar, filho para criar e chefe para cobrar. Nenhuma grande preocupação. E, como dizem, "cabeça vazia é a oficina do Diabo". O chifrudo trata de operar mesmo!

Assisti ontem um documentário muito legal, chamado Pro Dia Nascer Feliz. O filme trata sobre a relação entre alunos e escolas. O que me chamou mais atenção foi algo que estava nos extras e não no filme final.

Foi caso de uma turma do colégio Santo Inácio, no Rio de Janeiro. Os alunos combinaram entre eles e colocaram um absorvente pintado de vermelho nas costas do professor.

Em que outro momento da vida você pararia para pensar nisso? Só na escola mesmo. Agora, vai me dizer que o coisa ruim não estava operando ali.

Eu mesmo já foi possuído pelo demo diversas vezes em sala de aula. E é explicável.

Você senta ali, naquela cadeira fria, com um puta sono. Uma voz suave te convida para dormir mais ainda. Para variar, como você não presta atenção na aula, quando tenta entender o que aquela voz diz, não entende p** nenhuma. Então decide procurar alguma coisa para fazer.

Seus amigos, deliquentes, vagabundos, repetentes e vândalos também estão na mesma situação que a sua. Aqueles cinquenta minutos prometem.

Tudo começa com uma bolinha de papel na cabeça do nerd da linha de frente. Para esquentar, vale colocar uma carga de caneta na bolinha (quanta maldade, meu Deus).

Então, um sinal no seu estômago avisa que é hora de chamar atenção dos amigos e companheiros ao redor. Você peida aquele macarrão do jantar.

Vale comentar que na minha sala havia até uma escala para os peidos dos companheiros. São eles: peido municipal, que só você cheira; peido estadual, quando aquela duzia de imprestáveis sentem; peido regional, para aquela galerinha do meio (que não cheira nem fede); peido nacional, quando todo mundo sente (daí você é o cara); e o mais raro, o peido internacional, quando é sentido até nas outras salas. Este último, dizem os historiadores, que somente o Almondega, o famoso Poço de Doença da 7C, conseguiu tal feito.

Infelizmente, aquele macarrão estava mais para miojo e seu peido é sentido apenas localmente, embora tenha feito um barulhão.

O tédio dos livros parece que volta com força total e cada vez você fica mais incomodado. Então, decide incomodar os outros. Afinal, dois elefantes incomodam muito mais. A vítima é o seu amigo da frente dormindo muito gostosinho. Você decide acordá-lo, com um tiro de meta na cadeira.

O coitado quase tem um ataque. Pelo grito, ele é colocado para fora da sala. Seu parceiro de truco para os próximos quarenta minutos foi-se embora.

Você, um estudante politizado e guerrilheiro, decide armar uma revolta contra o império do mal, arquitetado por aquele Darth Vader de régua na mão.

O plano começa com um pequeno arsenal de giz que fica no bolso direito da sua Risca, específico para situações como essa. Dois pequenos mísseis Tomhawk, um rosa e outro amarelo, difíceis de serem detectados por radares, atingem a losa.

O General Alemão até que tenta saber quem efetuou os disparos. Mas o garoto foi treinado nas melhores escolas cubanas, junto com um outro de sobrenome Dirceu.

Um olhar parece que te persegue. A menina com um monte de ferro na boca e espinha na cara, que senta na primeira fileira, descobriu seu plano. É necessário coagir a garota.

Um bilhetinho mais ágil que o telégrafo é disparado com a seguinte mensagem: "Abre a boca que eu te arrebento a cara". Pela expressão da menina, a coerção não deu certo. É necessário apelar para o charme latino. Outro bilhete é disparado: "Fica quietinha e você ganha um beijinho depois".

A feiosa fica toda vermelha. Parece ter dado certo. Ou não. Ela chama o professor. Você foi traído! A feiosa abre a boca-armadura-da-idade-média para denunciar. É preciso tomar medidas drásticas. Quando você já está em direção a cadeira dela para dar uma voadora do Bruce Lee, toca o sinal!

Salvo pelo gongo e mais uma aula já foi. Faltam duas para o intervalo! Haja paciência.

Nenhum comentário: