Eu tinha um desafio de escrever uma história com as seguintes frases:
1. Raptado por uma nave alienígena.
2. Cachorros percebem espíritos malignos.
3. Joga essa velha no abismo
4. Atira a flecha num dragão
5. Menino em tratamento de choque.
Veja como ficou:
Ele era muito simples, humilde e gentil com todos. Nunca soube de uma travessura sequer daquele menino. Também pudera, de tão tímido, era a piada de quase todos os moradores daquele vale. Assim, indefeso, passava boa parte do tempo em casa ajudando sua mãe, costureira. De tanto mexer com linhas e agulhas, pegou gosto pela coisa.
A vida caminhava simples e parecia que ele seguiria os mesmos passos da maioria daqueles cidadãos. Parecia. Até aquela noite.
A noite tinha acabado de cair e o vale estava tomado por uma neblina. Sua mãe havia terminado de costurar o vestido de noiva da filha do prefeito. Como o casamento era a poucas semanas, ela precisava experimentar o quanto antes. Não havia tempo para esperar. Então o menino saiu de casa com o vestido de noiva nas mãos.
Sem enxergar um palmo a sua frente, a solução foi guiar-se pelas luzes amarelas dos postes da rua.
Após uma hora de caminhada, ele notou que as luzes estavam começando a mudar de cor. Amarelas, laranjas, vermelhas...
- Vermelhas?, pensou.
Quando olhou para trás, tudo estava escuro. Aquelas não eram as luzes dos postes, ele havia se perdido. Um holofote acende ferozmente sobre sua cabeça. Uma teia cai daquele clarão.
Ele havia sido raptado por uma nave alienígena.
Dias e dias se passaram e nada do garoto.
A mãe ficou desesperada. A cidade ficou intrigada com o fato e a mídia da cidade grande veio cobrir o fato.
Jornalistas, câmeras, microfones, policiais, vereadores, prefeito e sua filha, todos na casa da velha costureira querendo saber do paradeiro do garoto.
Quando ele surge, com a mesma roupa daquela noite. Porém seus olhos diferentes. Os cachorros da rua latiram ferozmente e velha cigana sensitiva que acompanhava a cena comentou:
- Cuidado! Cachorros percebem espíritos malignos.
O menino virou-se para ela e deixou todos estupefatos:
- Não me enche a paciência cigana. Por favor, alguém joga essa velha no abismo?
Um menino tão delicado falar dessa forma? Algo estava estranho. E não parou por ai. Ofendeu a todos e até a filha do prefeito quando veio pedir o vestido. O menino disse tantas para a garota que ela pôs-se a chorar?
- Você é feia. Ninguém vai casar com você. Nenhum cupido atira a flecha num dragão como você. E digo mais, a partir de hoje, minha mãe não costura mais. O estilista aqui sou eu! – disse para todas as câmeras
O povo estava tão assustado que logo os médicos da cidade resolveram tratar a questão.
Anos se passaram e muito sofreu aquele menino em tratamento de choque.
Um dia ele deixou a clínica. Deixou o vale, mas não deixou a profissão.
Conquistou fama costurando. Seu talento como costureiro melhorou como nunca. Mas mesmo com o tratamento, sua língua não mudou muito. Continua afiada. E essa soma de costura e língua afiada o deixava cada vez mais exótico.
Tanto que quando estava bem idoso decidiu se candidatar a deputado federal, ganhou fácil.
Sua língua e seu talento lhe deram fama e dinheiro. Mas também o afastou de muita gente, tanto que Clôdovil, morreu semana passada sozinho vítima de um ataque cardíaco e de boca a aberta.
Nenhum comentário:
Postar um comentário