27 de abril de 2009

A triste seca do escritor

Ah, papel em branco! Não faz assim comigo. Não seja tão mal.
Preguiça, some-te daqui. Deixa eu escrever uma linha a mais.
Desânimo, você mesmo sabe que eu posso. Por favor, não me apurrinha.
Eu tenho uma idéia: vou escrever sobre um casal. Uma história de amor, com final trágico.
Uma viagem de São Paulo para Nova York. Uma partida e um coração despedaçado.
Uma volta triunfal durante o carnaval e um assassinato ao som do tambor dos repiques e agôgos.
Mas e o final? Esse não será o final. A morte não pode ser um final para uma história de amor.
Estou repetindo a história de Shakespeare. Imitar Shakespeare não é muito inteligente.
Sono? Como pode você aparecer agora, comigo entre guaranás, cafés e cigarros?
Você venceu. Vocês venceram. Mais uma noite sem as palavras.
Mais uma noite minhas idéias me abandonaram.
Eles morrem. Ponto final.
O culpado será o mordomo e o Ministro da Fazenda.
Fim.

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