Eram duas pessoas diferentes. Tinham jeitos de encarar a vida e lidar com ela diferente. Suas atitudes, até alguns gostos não eram os mesmos.
Ela gostava de dançar, tomar cerveja, fumar. Adorava achar que os problemas simplesmente passavam. Não teria que se preocupar com eles, afinal problemas vêm em vão. Tinha um jeito muito decisivo, como aquelas pessoas que sabem o querem. Adorava falar besteiras e acreditava que poderia saber se um namoro podia dar certo se um cara fosse bom na cama.
Ele era um cara também um pouco diferente. Não gostava muito de beber, não. Na verdade, nunca tinha colocado um cigarro na boca. Acreditava em amor. Costumava largar uma menina se sentisse que não poderia gostar dela. Quando gostava de alguém fazia um monte de coisas. Gostava de filosofar sobre qualquer besteira.
Essas duas pessoas diferentes que acabaram se encontrando, de alguma forma. Pela descrição acima era bem provavél que um passaria pelo o outro sem o menor problema. Mas é verdade. O amor na prática acontece ao contrário, dizia Cazuza. Não que fosse amor. Não era mesmo. Paixão, talvez. Mas algo exisita, ou pelo menos parecia.
Pessoas diferentes, momentos diferentes também. Fora todas as caracterísitcas de cada um, naquele momento estavam passando por situações diferentes. A única coisa parecida era que eram complicadas.
Ele estava há um bom tempo procurando alguém para gostar. Esperando encontrar uma garota com que ele pudesse dar risada, olhar com carinho, apaixonar-se todo dia; preocupar-se. Cuidar.
Ela não estava procurando isso. O único problema: Ele foi saber disso somente depois.
Sabe aquelas conversas que começamos a falar sobre nada e de repente alguém solta uma que te deixa com a pulga atrás da orelha? Pois é. Ao querer saber mais sobre o que ela falou, você acaba descobrindo um monte de coisas. Isso aconteceu. Ele já estava começando a gostar dela. Já estava sonhando, escrevendo, ligando e tudo mais. Estava começando a ficar apaixonado. Até aquele beijo que depois você perde a noção do tempo e espaço. Aquele que não tem o que falar depois, sabe? Pois é. Isso estava acontecendo até Ela soltar uma daquelas frases...
Ela não estava em um momento legal. Passava por alguns problemas de coração. Ela ainda tinha alguém que trazia na memória. Estava se refazendo do passado recente. Talvez a opção de estar com Ele era algo meio casual. Costumava ser muito "instável". Como se vê, não estavam com a mesma idéia na cabeça.
Pobre menino. Ele, tinha um problema um pouco incomum. Gostava fácil de alguém. Não tinha coringas (aquelas pessoas que você nunca sente nada por ela, mas o negócio é mais pele, sabe?). Já estava começando a gostar dela. Mesmo antes disso, ele teve que tomar uma decisão. Dentre outras, ele resolveu ir a fundo no que sentia por Ela, afinal antes acreditava que aquilo que sentia podia dar certo. Apostou e apostas têm 50% de chances de dar certo. Ou errado. Agora ele não via tanta probabilidade assim. Era melhor rever a taxa.
Ainda estava no começo. Mas aquele beijo já tinha acontecido. Aquele sentimento já tinha aparecido, lá, batendo na porta. Como fazer ele ficar quieto?
Ele gostava dela, mas Ela não sabia ao certo nada. Estava muito confusa para pensar nele. No primeiro momento Ele decidiu ignorar tudo o que Ela dissera. Achou que podia mudar o que Ela sentia por Ele. Achou que se mostrasse como Ele podia ser legal, de como podia fazer Ela feliz, talvez Ela saisse do meio das confusões e começasse a gostar dele de verdade.
Ele planejou tudo. Planejou como podia ser um cara especial na vida dela, mesmo sem tantos "recursos" assim. Mas como é bom ouvirmos as pessoas mais velhas. Elas certamente já passaram por isso. Além do mais, estão por fora e podem compreender de uma forma mais racional tudo aquilo.
Assim Ele aprendeu que não conseguiria mudar o sentimento dela. Mesmo se tentasse ser o cara mais especial do mundo, jamais conseguiria mudar. Nós mal conseguimos mudar quem somos, imagina o outro. O que deveria ser feito, então?
Talvez a grande sacada que Ele teve foi de tomar a decisão mais racional. Embora, pelo que se vê, a emoção predominava no menino. Ele estaria preparado para apostar em algo, sabendo que agora os riscos eram bem maiores? Conseguiria continuar com Ela, e com uma mão fazer carinho no rosto dela enquanto dormia e na outra segurava firme uma rédia para domar o sentimento que teimava em crescer? Só para não quebrar a cara depois?
Provavelmente não. Os riscos dele apanhar mais uma vez eram muito grandes. Além disso, eles eram tão diferentes. Será que ele não estava se preparando para algo maior? Para alguém que pudesse energar todos os seus valores?
Não era melhor tomar um remédio amargo e se curar, do que continuar com esse sentimento e lá na frente ter que fazer uma cirurgia, o que certamente lhe deixaria uma cicatriz?
Um complicador. Ele no começo não pensou nisso. Mas, pelo acaso, eles dois tinham que se ver todo dia. Esse remédio Ele deveria tomar em doses homeopáticas, muito mais amargo que qualquer Cataflan em gotas.
O que será dos dois? Ele e Ela...
Um comentário:
Esse foi o segundo texto que eu li inteiro, e estou com medo de continuar...
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