11 de março de 2006

Minha (nossa) própria impotência diante da vida

Estava mesmo precisando escrever. Precisa escrever quanta desgraça tenho visto. Quanta besteira, quanta maldade que as pessoas tem em seus olhos. Precisava escrever os gestos maldosos, a falta de caráter, o segundo interesse, a amizade superficial. Queria denunciar tanta sacanagem que as pessoas fazem com elas mesmos, com os outros e com o nosso mundo.

Como temos sido filhos da puta com nós mesmos! Nos sacaneamos, nos boicotamos. E, com aquela que sempre esteve de braços abertos para dar-nos os seus frutos, suas terras, seus abrigamos? O que devolvemos a esta nossa mãe? Me sinto culpado em participar de tanta sacanagem! Queria poder ajudar a evolução deste mundo. Queria poder ajudar? Mas me sinto incapaz!

A cada dia eu acordo, levanto, trabalho e, mais uma vez, o dia se vai. Afinal, o que eu fiz para o resto do mundo? Qual é a diferença que eu faço nesta Terra? Será que a minha vida não vai mesmo entrar nos livros de história? E quando eu passar desta para uma melhor? O que eu vou apresentar de positivo?

Minha cabeça anda cheia de dúvidas. De culpas. Da minha própria insensatez. Será que eu e todos nós não conseguimos entender que a coisa chegou a uma situação insuportável!? As condições são péssimas. Há uma saída?!

Você estenderia a mão para um mendigo na rua? Daria-lhe uma abraço amigo? Você carregaria no colo uma criança de cinco anos que venha te vender uma bala no farol? Ela é tão ser humano quanto você. Vejo as pessoas terem mais pena de cachorros de que de pessoas. Quantas vezes você parou na rua para conversar com um outro humano? Se você fizer isto, será tratado como louco. Mas nós não somos iguais?

E o branco e o negro? Que diferença é esta que há tanto tempo as pessoas comentam? Não somos todos feitos de peles, nervos, ossos? Que diferença faz a quantidade de melanina você tem? Alguém já te discriminou só por que você algumas células a mais? Para que isso? Quanta bobagem!

Mas me sinto incapaz e pequeno diante de tudo isso. Enquanto escrevo de frente para uma tela, as pessoas choram, outras riem da desgraça alheia, outras jogam seus papéis, cigarros pelas janelas de seus carros. E o que eu eu poderia fazer para ajudar a mudar tudo isso? Reclamar não basta mais!

E eu que só faço sofrer. Quanto mais quero que as coisas dêem certo, me vejo em meio de lágrimas e rancor. Sou fraco e não sei lidar com tudo isso. Queria abrir os meus olhos. Queria ajudar a abrir os olhos dos outros. Como uma noite mal dormida, acordar e ver que tudo isso não bastou de uma noite mal-dormida.

Este foi um desabafo de quem se vê impotente dos problemas da terra, dos problemas sociais, dos problemas entre as pessoas e de seus próprios problemas...

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