17 de julho de 2006

A falta de amor total

São duas pessoas completamente diferentes. São dois sorrisos completamente opostos. São dois corações que seguem na contramão, porém em ruas paraleleas. São paixões mortais, como o palmeirense e a corintiana. Um comunista frustrado e uma neoliberalista.

Cresceram assim, em subúrbios diferentes. Frenquentaram outras salas e cresceram em outras ruas. Seguiram seus caminhos, até chegarem no denominador comum: o olhar.

Tudo aconteceu quando menos esperavam. Estavam totalmente despreparados. Sem suas armaduras letais. E foram pegos, tomados pelas flechas que estraçalham o coração e mostram o quanto ainda somos fragéis e sensíveis.

Foi tudo numa noite, em que nenhum dos dois tinha a pretensão de sairem de suas casas. Estava frio, perigoso, havia bandidos pelas ruas. Mas decidiram sair. Queriam esquecer a vasta solidão que caminhavam em suas mentes em seus quartos escuros e vazios. Precisam fugir daquela televisão de sábado a noite. Daquelas trincheiras formadas por cobertores quentes e corações tremulantes e congelados.

Foram curtir o som do violão do Aldir Blanc. Ela caminhou por meio de sua tristeza de mulher, por onde se mostra que o mundo é vil e sacana. Ele entrou no bar esperando apenas curtir sua cerveja crua e se embebedar para esquecer o triste fracasso do seu time. Triste fracasso esse que refletia sua própria vida em campo, ''Até meu grande time já não é mais o mesmo''.

E numa solidão pura dos dois, a magia da convivência humana e naturalista aconteceu. Em um samba-canção, tudo aconteceu. Um leve toque, um sentimento quente de pele. A suavidade de uma mão com o toque fútil e sincero. Os dois se deram as mãos e queimaram os olhos em um lancinante momento. Cruzaram as antigas ruas, contaram as velhas histórias, riram dos infelizes namoros. Cresceram com a esperança de amarem sinceramente.

Mas aquela história bossa nunca foram suficientes para garantir o namoro deste dois seres tão diferentes. E o fortuíto amor seguiu então para o final derradeiro.

Foram do sorriso e do abraço confortante para o frio e a solidão do quarto e da televisão de sábado. E combinaram assim não amar nunca mais. Morreram dedicados ao triste sentimento de serem deixados e da desilusão de não ter o amor que um dia no céu foi prometido.

Sofreram a mais dura perda. Perderam os corações, as mentes, as cidades. Foram assim duas pessoas que experimentaram o doce veneno do amor.

Um comentário:

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