11 de setembro de 2006

Fodam-se eles

A chuva continua a cair junto com os meus sonhos. O frio invade pelas frestas da porta. A cama desarrumada e os jornais estão espalhados no chão. Coço a cabeça e a barba por fazer. Penso em ligar a tv, mas não vejo outra saída para o meu desespero do que sair para tomar uma café.

Ando sozinho na rua fria, garoa fina. Entro no bar entre olhares de curiosos. As poucas pessoas param e me olham assustadas. Acho que a minha solidão as assusta. Fodam-se todos.

Sento no balcão e peço um café para amargar ainda mais a minha noite. Olho para fora vejo mais pessoas me olhando e começam a fazer comentários com a minha cara de perdedor. Eu taco a caneca de café no vidro que espatifa.

Pulo pelo vidro e saio correndo atravessando a rua em direção a um carro zero classe média parado do outro lado da rua. Minha raiva era tanta que a única coisa que me deu vontade de fazer foi chutar a porta. Minha marca ficará ali para sempre. Fodam-se os carros da classe média!

Saio gritando pela rua quando vejo alguns policiais armados vindo em minha direção. Grito desesperado: Fascistas! O sub-assalariado que veste uma fantasia de mickey parece gostar da cena. Ele larga as crianças que distribuia balões e sai de encontro com os policiais que começam a surrar o mickey. Foda-se o mickey também.

Entro no primeiro prédio que vejo. Por sorte entrei em um sex shop. Os policiais conseguem me encontrar na loja. Começo a atacar pênis de plástico em todo mundo. Uma boneca de plástico estoura na mão de um dos policiais. Acho que ele fui muito rude com ela. Garota sensível é assim mesmo.

Fujo pelas escadas do fundo em direção ao segundo andar. Entro em um corredor e acabo invadindo o apartamento de uma prostituta que está em pleno serviço. Invado o quarto e ameaço a puta e um marido covarde de assassinato. Eles se assustam, mas engraçado mesmo foi ver aquele machão brochar na minha frente. Canalha. Aposto que mulher e filhos o esperam na mesa do jantar.

Já não escuto mais os passos dos policiais. Apenas o grito daquela menininha de família que não teve tudo o que quis na adolescência e resolveu fugir da casa do papai. Fodam-se, cliente e prostituta.

No meu descuido, vejo aquela vaca sacar uma arma debaixo do travesseiro. Ela, pelada, dispara contra sua própria cabeça e se mata. Na minha frente e na do marido canalha! Olho a cena desperado. A segunda prostitua que morre hoje. Sinto mais pela de plástico.

Um missel sovietético é disparado em Cuba. Tenho apenas 15 minutos para fugir daquele apartamento. Pulo pela janela e caio em um ônibus de turistas noruegueses. Pobres noruegueses.

Um daqueles noruegueses saca sua cibershot 5 mega pixel e a ataca em mim. Desesperado, desvio, mas consigo ver a máquina disparar o flash e ofuscar o motorista que perde a direção e atropela o pipoqueiro que trabalhava em frente o Bristol. Pipocas voam e o ônibus invade a sessão do novo lançamento do Tarantino.

O público não se assusta: já estão acostumados as novidades de hollywood ou de um assassino em cinemas. Ônibus não seria muita coisa, caso ele não explodisse. Ele explodiu. Junto com ele, eu, os noruegueses e a cibershot. Ótimo! Eu não queria morrer mesmo com os mísseis soviéticos.

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