Seguem pelos lençóis de seda os movimentos mais delicados. O balde de champangne denúncia o ato. A marca de batom na taça e as roupas desgraçadas no quarto mostram a moça satisfeita. Ali, ela dorme profunda e delicadamente. A cortina de veludo dança leve ao vento noturno. Os sons dos carros e da cidade parecem não incomodá-la.
No criado mudo, o porta-retrato de um passado. Um sorriso que já não é mais dela. Tudo faz parte de um passado recente. Só mais um amor, só mais uma tristeza.
O canalha, que há pouco a satisfez, pareceu não se importar com aquele mero figurante que a vigiava na foto. Era ele apenas mais um daqueles cafagestes, que amam por uma noite uma mulher, mais que qualquer outro. Homem que cumpriu seu papel. E ela pode dormir com seu desejo saciado.
Restará apenas a noite a esquecer, a manhã fria e o olhar triste traído do porta-retrato.
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