Uma vez, andando pelas ruas, um gato sorridente pulou de um galho de uma árvore, roçou por entre minhas pernas e me fitou com um olhar engraçado. Sorriu, disse que tinha gostado de mim e que me daria o direito de fazer um pedido, qualquer que fosse.
Disse a ele: “Mais que bobagens! Eu não gosto de gatos, prefiro pipocas, cachorros e corujas”.
Então ele se transformou no maior balde de pipocas que eu havia visto em toda minha vida. Experimentei uma e vi que estava meio sem gosto. Fiquei meio receoso em pedir mais sal e cair um mar na minha cabeça. A pipoca olhou-me curiosa e novamente disse: “Um pedido e nada mais. Diga!”.
Sentei em minha cadeira de praia e refleti com meus óculos de grau. “Que tal dinheiro? Muito dinheiro! Mas dinheiro me traria apenas a cobiça e a inveja, não seria feliz. Um carro! Quero um carro bem bonito para rodar pelas ruas . Mas carros poluem o planeta e vivem todos dentro de garrafas de trânsito”.
Então olhei para aquele Cocker Inglês que chacoalhava as orelhas e pedi:
- Sr. Cachorro Lambão, eu gostaria de ver pessoas mais felizes, gente chorando nos cinemas e braço arrepiados com uma simples música. Queria ver pessoas cumprimentando seus vizinhos e ligando para aqueles que vivem longe apenas para dizer o tamanho da saudade. Queria mais abraços sinceros, daqueles quebra-costela. Gostaria de ver mais gente assim como você. Que pudéssemos dizer o quando gostamos do outro sem esperar que o outro também goste da gente. Que fossem inventadas máquinas de tele-transporte de beijos. Que nossos erros ficassem mais claros que a luz da manhã e pudéssemos aprender com eles e que o ser fosse mais importante que o ter.
A coruja pensou e pensou e disse:
- Mais alguma coisa?
Respondi:
- Queria que você não fosse embora tão rápido.
E ela me respondeu:
- Era apenas um pedido e você já o fez.
Então ela se virou e foi embora rumo ao norte, elegantemente loira e sorridente. E eu fiquei triste.
2 comentários:
Eu tenho direito a um pedido também?
Adorei o texto poeta, PARABÉNS!
:: Alice ::
Acho que essa gato já sabia que a coruja ia voltar. Esse texto é especial e o poeta também. E eu aqui, saudosista.
Postar um comentário