9 de agosto de 2008

Quando resolvemos dizer a verdade

Tanto na vida escrevi sobre o amar. Tanto falei, conselhos dei, músicas ouvi e livros que li. De tanto que me enlacei com esse verbo transitivo direto, seu seu real sentido agora se faz indireto e intransitivo na minha vida.

Cabe aqui comentar que não estou falando do amor de mãe, que esse a gente aprende logo quando sai da banheirinha do útero. Não.

Estou falando daquele amor entre duas pessoas: homem e mulher, homem e homem, mulher e mulher, homem e cachorro, mulher e pepino, homem e qualquer coisa que tenha buraco.

Tem algumas coisas desse amor que eu não aprendi porque estava mais preocupado em bancar uma de poeta alucinado dos anos 60. Enquanto eu estava na bossa e nos poemas, o mundo corria. A barca corria. Agora mais velho, mas da vida conheci e mais decepções passei, tanto que o amor se tornou apenas mais um verbo transitivo direto.

A todos, gostaria de me desculpar pelas falsidades que aqui falei. Desculpem pela bandeira que levantei, pelos manifestos que escrevi. Por que este poeta mal sabe escrever. Aliás, na verdade, gostaria de me entregar a todas as autoridades pela falsidade ideológica.

Nunca li mais do que alguns poemas do Drummond ou de Fernando Pessoa. Nunca assisti Kurosawa, dormi nos filmes do Felini e acho que essa história de falar que Hitchcock é gênio pra mim é loucura. Tenho sono nos museus e não entendo porra nenhuma de pintura e jazz.

No fundo, sou preguiçoso, leniente, interesseiro e mal educado, como a maioria dos brasileiros que dizem e são suas verdades.

Adoro Big Brother e já até chorei quando Bam Bam venceu.

Amo o Bob Esponja calças quadradas e acho o Billy (do Billy e Mandi) o cara mais inteligente do mundo.

Enfio o dedo no nariz. Sim! Eu enfio. No carro, no trabalho, na cama e em qualquer lugar. Depois de cotonete no ouvido e fazer cocô sem pressa de acabar, é a minha paixão nacional.

Queria muito poder viver de Big Mac e acho a barra de cereal um mal necessário com um sabor péssimo.

Odeio Moema, Iguatemi, Morumbi e todas as baladas e locais de gente rica simplesmente pelo fato de não ter o dinheiro que eles tem. Pura inveja. Sou invejoso para caralho e agora assumo isso. Você até pode me odiar, mas tem outra qualidade que estou aprendendo com as pessoas: estar pouco ligando para as pessoas ao redor.

Sou ranzina e gosto muito é de ficar sozinho. Quando estou no meio dos outros eu quero me fazer ouvido, mas pouco ouvir. Não sei ouvir as pessoas, até porque a maioria (bem da maioria mesmo) não tem nada de interessante para falar. Então eu finjo que escuto enquanto a maioria finje que gosta de mim.

Agora se você está pensando que eu fiquei louco, estou de mal do mundo, saiba que eu sou apenas um que resolveu parar de fazer média. Se você disser que estou mudado quero que você, caro leitor, saiba mais uma verdade: sei mentir muito bem. Estudei anos de teatro e se quiser posso até chorar na sua frente. Sou frio, mas também não ao ponto de jogar uma menina de cinco anos pela janela.

enquanto você ai que lê é só mais um no meio da multidão. Na verdade eu sinto pena de você. Sinto pena por você estar com esse õdio depois de ler todo este texto. Sinto mais pena ainda você ter perdido todo esse tempo acreditando no meu humor gástrico que me dá afta.

3 comentários:

Anônimo disse...

Praticamente uma "Ode à revolta". Agora os caros leitores devem estar pensando: será verdade o que ele escreveu? Ou será mais uma de suas reflexões poéticas da vida?

Escreva mais! Fazia tempo que não lia um texto novo no seu blog.

Bjos, Amanda

Roberta disse...

Meu caro amigo,
Há tempos eu não passava por aqui. Preciso ler o seu texto mais uma vez. Um beijo
Ro

Roberta disse...

Hummmm...what hell happend?