31 de agosto de 2008

Manhã de café de café da manhã

Hoje é manhã de domingo. Amanhã este dia será apenas um fluído de lembrança enclausurada na memória e no coração. A casa está quase silenciosa, apenas cortada por um fio de violão que apazigua a manhã.

Sobre a mesa, há um café posto a espera. Sucos, pães, gergelins, iogurtes de dois sabores e bolachas com pequenos pedaços de chocolate.

A casa é povoada por milhões de aflitos em um homem só. O adolescente que enquanto aguarda o retorno de sua amada, anda pela sala e quarto. Valsa com ela em sua imaginação. Brinca como um menino.

Apenas o tic tac do relógio tenta insistentemente tirar sua atenção.

O som do elevador avisa que alguém aportou naquele porto-décimo-andar-paulistano. Outro saveiro que trazia outras pessoas. Uma senhora com seu cachorro sonolento talvez. O homem, adolescente, menino ainda aguarda.

Aquela manhã ainda ainda tirava suas remelas dos olhos e ainda havia tempo tempo para lembrar o porque daquela tão ansiosa espera. E lembrou.

Lembrou que ontem haviam chegado tarde em casa, pois tinham ido no aniversário da tia-avó dela. Lembrou naquela família tipicamente italiana. A confusão das vozes convergiam todas apenas no sorriso dela. Muitos falavam, mais ainda os que brincavam com aquele novo namorado e o faziam mais vermelho que um tomate-verde-frito.

Sorriu.

Então, ele começou rememorar a primeira vez em que pisou naquele apartamento onde agora seu coração teimava ficar apertado. Lembrou que errou o andar e tocou a campanhia de uma senhora às 11 horas da noite. Talvez a mesma senhora com o cachorro sonolento.

Espreguiçou.

Então começou a lembrar de como se conheceram, de quantas risadas deram juntos e o quanto haviam sido felizes até aquela manhã de domingo. Lembrou que com aquela garota havia sido feliz como há muito não tinha sido. Que ela havia feito ele acreditar que é possível duas pessoas estarem juntas sem brigar, sem cobrar. Quando se deu conta, percebeu que estava apaixonado e que isso haviam se passado apenas alguns meses.

Foi mais longe e lembrou aquelas épocas de solidão sem sol. Em que via casais andando pelos parques enquanto ele sozinho jogava pedra no lago.

De tanto pensar no passado esqueceu que o presente também havia passado. Por trás dele dois braços se envolveram em um abraço. Um beijo silenciou ainda mais aquela manhã de café da manhã de domingo.

Um comentário:

Anônimo disse...

olha o que o amor é capaz de fazer com um homem... parabéns Danilão... texto lindo ....
bj Amanda