13 de fevereiro de 2012

A ciência não é a dona da razão

Uma coisa que tem ficado claro nesses meus primeiros aprendizados sobre psicologia é que não há uma comprovação cientifica de que o inconsciente existe.

Pode haver uma comprovação via jogo de lógica ou por sucessão de experiências. Mas não há uma comprovação cientifica que justifique a existência dele. Tanto que para outros campos da psicologia (behaviorista, por exemplo), o inconsciente não existe.

Isso invalida a importância e o poder dessa área do saber? De maneira alguma. Mas uma questão fica clara.

Conceitos como o inconsciente são vistos com credibilidade por boa parte da população, mesmo sem a comprovação tangível e racional.

Sendo assim, porque não nos permitimos muitas vezes aceitar conceitos de outras áreas do conhecimento que também carecem de comprovação cientifica, mas que também nos oferecem valiosos aprendizados - tão lógicos quanto à existência do inconsciente.

A existência espirita, por exemplo. Quando despojada do papel de religião (sem seus dogmas), pode complementar a visão psicológica para oferecer uma visão de mundo ainda mais complexa e profunda.

Parte-se de um pressuposto de que quem nega o inconsciente supõe que a consciência se completa em si mesmo e de que o homem já possui pleno conhecimento da psique. O que é claramente um absurdo.

Mas o mesmo não acontece com a existência espiritual? Dizer que não há uma existência além do físico atual seria o mesmo que dizer que a vida se completa apenas em uma existência e que todo aprendizado que acumulamos se vai ao apagar das luzes. Qual é o sentido disso?

No próprio livro "O Homem e Seus Símbolos" Jung faz uma defesa do inconsciente que é perfeitamente aplicável à defesa da espiritualidade:

"Quando alguma coisa escapa da nossa consciência, essa coisa não deixou de existir, do mesmo modo que um automóvel que desaparece na esquina não se desfez no ar. Apenas o perdemos de vista".

Pela lógica da natureza também é possível provar o inconsciente. Diz-se que ele opera por meio dos sonhos para compensar possíveis questões suprimidas pelo consciente. O sonho é nesse caso a sensação de fome que o cérebro (o inconsciente) nos manda quando o corpo precisa de energia para se alimentar.

Pois a existência espiritual pode ser aventada por uma lógica racional parecida.

Duas verdades são inquestionáveis em nossa existência.

1. Você vai morrer
2. O tempo vai passar

Acreditar na existência pós-morte não é negar a morte. Mas sim encará-lá como ela exatamente é: uma transformação.

Agora, não admitir a existência etérea seria ir contra a lógica da própria natureza. Se há o fim pura e simplesmente, o tempo não passa. Tem lógica nisso?

Não acho que com esse texto vou encerrar qualquer discussão, seja sobre a existência do espirito ou do inconsciente.

O ponto não é nem esse. A questão aqui é que nem toda área do conhecimento não precisa ser validada cientificamente para provar o seu valor.

Quanto mais nos abrirmos para essas diversas áreas do conhecimento, mais nos tornaremos sábios para lidar com a complexidade que o mundo nos exige a cada dia.

Mal não faz.

Um comentário:

Anônimo disse...

Seu texto releva uma face do ser humano que procura em tudo uma razão lógica. Muitas vezes temos que nos permitir sentir e deixar os argumentos racionais de lado.
:) ... abraço Amanda