Há exatamente uma semana, um colega de trabalho pegou sua moto para visitar alguns de seus clientes. Não voltou mais. Deixou uma mulher grávida. Deixou seu primeiro filho a sua primeira espera. Deixou-me também muito chocado pelo acontecido. Mas o dia passou. Acordei pela manhã não mais tocado pelo seu desencarne, mas sim em busca de um novo sentimento. A morte de um colega era um passado tão distante que não me comovia mais. Apenas um dia.
Pensando nisso, foi somente no silêncio do quarto, no cair da madrugada, afastado de qualquer meio de comunicação foi que pude perceber o perigo que nos rodeia; o plástico sob qual estamos envoltos.
Com a rapidez de todas as informações, dos blogs, portais de notícias e mídias sociais, os sentimentos humanos estão condicionados à seguinte ordem: “Ok! Qual é o próximo sentimento a ser experimentado?”
Na roda-gigante da tecnologia não percebemos que a velocidade destas informações está sendo aplicadas à velocidade dos nossos sentimentos. Não há mais tempo para sentir. Todas as nossas emoções são cada dia mais plásticas.
Talvez por isso estejamos cada vez mais acelerando a velocidade das informações, pois não estamos em busca de um conhecimento para nos apropriarmos e construir novas ideologias, novos projetos de futuro. A velocidade das informações serve apenas para satisfazer nosso desejo de sentir, como se estivéssemos constantemente em uma novela ou em um filme de cinema.
Interessa-nos estar a par de assassinatos cruéis para que possamos sentir a indignação. Interessa-nos conhecer o desenlace da crise mundial para que possamos sentir o grande medo da rejeição. Interessa-nos assistir o Big Brother para que possamos sentir a curiosidade. Mas são todos sentimentos superficiais que não nos satisfazem. Por isso, estamos em constante busca de novas informações para termos novas emoções.
Enquanto o mundo se espanta com o número de informações que o cérebro tem que lidar diariamente, ele não percebe que seu coração está gradualmente sendo plastificado.
Estou chocado comigo mesmo.
Mas não tenho mais tempo para pensar nisso, pois essa emoção é coisa de um minuto atrás. E na sociedade do Twitter, um minuto atrás é muito tempo.
2 comentários:
nossa... a frase q mais me "chocou" foi essa: Por isso, estamos em constante busca de novas informações para termos novas emoções.
como e quanto é verdade que ficamos buscando esses sentimentos para nos sentirmos completos e sempre sentimos, na verdade, um grande vazio.
Abs Amanda
ame, sinta cada dia um amor não plastificado. A dor felizmente esquecemos ( ok, podemos até aprender com ela ). Mas AME e não se esqueça do bem que te faz.
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