8 de dezembro de 2009

Balinhas

- Saia já da minha casa!... e a porta se trancou.

Para dentro, ficaram retratos, roupas e balinhas de goma.

Para fora ficou ele e mais ninguém. Nem o guarda-chuva não o guardou (foi-se com o primeiro caminhão que passou).

Ele bem que tentou se explicar, mas engasgou na primeira e os olhos vacilaram na segunda. Mulher pega essas coisas. Cartão vermelho e foi direto para a tempestade.

Tinha todos os motivos para estar down naquela hora da noite Mas algo o fez sorrir.

No ônibus em direção a zona norte, um velho com sua pochete se aproximou. Foi-se acomodar mas o ônibus freiou para não matar o pipoqueiro da praça do Jaçanã.

Foi o velho e a pochete para o chão.

Ele mecanicamente recolheu a pochete enquanto outras pessoas recolheram o velho.

Descabelado e sem jeito, o velho sentou na poltrona. Mas ao invés de xingar o motorista, o pipoqueiro e todo o Jaçanã, abriu a pochete e distribuiu balinhas de mel para todos ao seu redor. Balinhas de mel e um sorriso descabelado

Uma balinha de mel que acabou com todo o fel da noite.

Assim, ele desceu do ônibus e assobiou uma do Cartola.

2 comentários:

Fernanda Klink disse...

Curti Dani! Não sabia dessa sua veia artística, parabéns, bjs, Fe

Anônimo disse...

ainda estou refletindo sobre as balinnhas.. bj Amanda