7 de julho de 2013

Reestruturação Familiacional

Nessa noite, minha família está espalhada pelo mundo. Dona Aurea está em Boston, Leandro em Frankfurt, Fabiano está, como esteve nos últimos anos, em Indianapólis e seu Donizetti está na mais distante das cidades, a zona leste.

Mas estejam todos distantes, nesse fim de semana me senti tão perto deles como naquele aniversário de 8 anos que comemorei junto com o meu irmão mais velho. A gente faz aniversário com um mês de diferença. Mas naquele tempo não existia o Twitter e um mês nem era tanto tempo assim.

O encontro se deu entre o Whatsapp como Facebook. Mais precisamente às 14h32 com uma mensagem vinda diretamente de uma maternidade anglo-saxã:

- Nasceu!!!! (com quatro exclamações e quase 41 semanas de atraso)

A tal família reunida pela tecnologia respondeu com mensagens eufóricas:

-       Aeeeee!!
-       Boaaaa!!
-       Vem pra rua!! (repetindo o coro das ruas)
-       Graças a Deus!
-       Manda foto do bebezinho...
-       Mãe traz um tênis pra mim daí?

Havia chegado ele, o mais novo membro da família. O que carrega o sobrenome Oliveira no próprio nome: Oliver, o japinha mais brasileiro do noroeste americano. E dá-lhe a globalização prematura.

Assim que Oliver se desplugou da banheirinha e deu as caras no mundo, houve uma operação na 1ª vara do cartório dos céus. Toda família Oliveira Lima sofreu um rearranjo nos dados cadastrais.

Primeiro o casal, que era só um casal de dois, e agora se tornou uma família de três. Fabiano, Halina com o pequeno Samurai das pradarias guarulhenses, Oliver.

Depois, dona Aurea e Seu Donizetti, que antes eram apenas pai e mãe, mas o tempo e a alcunha são implacáveis. Não bastou o primeiro choro, para serem conhecidos nas redondezas como vovô e vovó. Oficialmente, já podem parar na vaga de idoso.

Mas se tem um idoso que ganhou vigor foi a Veroca. Ela sim, que nasceu sob Getúlio Vargas, viu todas as manifestações da era republicana e ainda frequentou as caravanas do programa do Silvio Santos, virou Bisavó. Salve, dona Vera. Você merece mais do que ninguém respeito e meio copo de vodka com Sprite.

Por fim, Leandro e eu. Que antes éramos apenas os irmãos que sofriam com as porradas do mais velho toda hora que a gente ia brincar com sua coleção de bonequinhos do Star Wars.

Pois é, virei tio. Mesmo aqui na puta que pariu, há umas 3 mil léguas de distância do meu sobrinho. Mas sem crise. Estou digerindo bem a mudança, tomando algumas providências:

- Deixei o bigode crescer;
- Passei a consumidor quatro litros de cerveja por dia para criar uma senhora barriga (com o Leandro tomando a dianteira nesse quesito);
- Comprei uma churrasqueira portátil no Walmart;
- Resgatei meu livro das anedotinhas do bichinho da maçã. Afinal, todo bom tio que se preze tem que ter boas piadas de tio.

Meus tios Luiz e Maurício, que hoje moram no céu, terão muito orgulho de mim.

Sei que não será fácil, mas estou pronto para o desafio. Aconselhar o pequeno, acolher, de dizer “seu pai é assim mesmo, sempre foi assim”, de buscar na escola se a distância permitir e comprar presente e ajudar na montagem do aniversário. 

Pois que venha meu melhor sobrinho.

Afina, seu tio acabou de nascer.


Seja bem-vindo Oliver.

2 comentários:

Unknown disse...

Muito legal Danilo… O Oliver vai gostar de ler o texto que você fez quando ele crescer.

Marcelo M. Bazán disse...

Bem-vindo Oliver! E bem-vindo Dani ao mundo dos Tios (que na minha opinião é maravilhoso!)