Nessa noite, minha família está espalhada pelo mundo. Dona Aurea está em
Boston, Leandro em Frankfurt, Fabiano está, como esteve nos últimos anos, em
Indianapólis e seu Donizetti está na mais distante das cidades, a zona leste.
Mas estejam todos distantes, nesse fim de semana me senti tão perto
deles como naquele aniversário de 8 anos que comemorei junto com o meu irmão
mais velho. A gente faz aniversário com um mês de diferença. Mas naquele tempo
não existia o Twitter e um mês nem era tanto tempo assim.
O encontro se deu entre o Whatsapp como Facebook. Mais precisamente às 14h32
com uma mensagem vinda diretamente de uma maternidade anglo-saxã:
- Nasceu!!!! (com quatro exclamações e quase 41 semanas de atraso)
A tal família reunida pela tecnologia respondeu com mensagens eufóricas:
-
Aeeeee!!
-
Boaaaa!!
-
Vem pra rua!! (repetindo o coro das ruas)
-
Graças a Deus!
-
Manda foto do bebezinho...
-
Mãe traz um tênis pra mim daí?
Havia chegado ele, o mais novo membro da família. O que carrega o
sobrenome Oliveira no próprio nome: Oliver, o japinha mais brasileiro do
noroeste americano. E dá-lhe a globalização prematura.
Assim que Oliver se desplugou da banheirinha e deu as caras no mundo,
houve uma operação na 1ª vara do cartório dos céus. Toda família Oliveira Lima
sofreu um rearranjo nos dados cadastrais.
Primeiro o casal, que era só um casal de dois, e agora se tornou uma
família de três. Fabiano, Halina com o pequeno Samurai das pradarias
guarulhenses, Oliver.
Depois, dona Aurea e Seu Donizetti, que antes eram apenas pai e mãe, mas
o tempo e a alcunha são implacáveis. Não bastou o primeiro choro, para serem
conhecidos nas redondezas como vovô e vovó. Oficialmente, já podem parar na
vaga de idoso.
Mas se tem um idoso que ganhou vigor foi a Veroca. Ela sim, que nasceu
sob Getúlio Vargas, viu todas as manifestações da era republicana e ainda
frequentou as caravanas do programa do Silvio Santos, virou Bisavó. Salve, dona
Vera. Você merece mais do que ninguém respeito e meio copo de vodka com Sprite.
Por fim, Leandro e eu. Que antes éramos apenas os irmãos que sofriam com
as porradas do mais velho toda hora que a gente ia brincar com sua coleção de
bonequinhos do Star Wars.
Pois é, virei tio. Mesmo aqui na puta que pariu, há umas 3 mil léguas de
distância do meu sobrinho. Mas sem crise. Estou digerindo bem a mudança,
tomando algumas providências:
- Deixei o bigode crescer;
- Passei a consumidor quatro litros de cerveja por dia para criar uma senhora
barriga (com o Leandro tomando a dianteira nesse quesito);
- Comprei uma churrasqueira portátil no Walmart;
- Resgatei meu livro das anedotinhas do bichinho da maçã. Afinal, todo
bom tio que se preze tem que ter boas piadas de tio.
Meus tios Luiz e Maurício, que hoje moram no céu, terão muito orgulho de
mim.
Sei que não será fácil, mas estou pronto para o desafio. Aconselhar o
pequeno, acolher, de dizer “seu pai é assim mesmo, sempre foi assim”, de buscar
na escola se a distância permitir e comprar presente e ajudar na montagem do
aniversário.
Pois que venha meu melhor sobrinho.
Afina, seu tio acabou de nascer.
Seja bem-vindo Oliver.
2 comentários:
Muito legal Danilo… O Oliver vai gostar de ler o texto que você fez quando ele crescer.
Bem-vindo Oliver! E bem-vindo Dani ao mundo dos Tios (que na minha opinião é maravilhoso!)
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