11 de janeiro de 2019

AO SOM DE CHARLES AZNAVOUR, ESCREVO ESSA CARTA DE DOR
Se eu fosse você, lia ao som dessa música aqui.

Amigo quando uma relação acaba, não olhe pra trás. Vai lá, deleta do Face, bloqueia o whats, põe o número no cadastro indesejado do telemarketing. E reza pra Deus pra nunca mais cruzar com quem um dia te deu carinho e hoje só te deixa na fossa. 

Faz isso, amigo. 

Não comete o erro burro de ir atrás e investigar como a vida anda. 

Confia em quem errou e agora paga o preço amargo da estupidez. 

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Fazia tanto tempo estávamos longe um do outro. Anos. Muitos anos. 

A última vez que fechei sua porta, ainda era um menino feliz de Guarulhos. Mas já tinha idade para lembrar. Agora, trinta anos depois, ela apareceu pra mim num comentário num grupo de WhatsApp:

"Ou, sabe aquela tua casa rosa lá da Vila Galvão? Então colei lá sábado à noite. Ela tá de foder"

Confesso, que de prima não entendi o comentário ácido. 

Ah a Casa Rosada 154... das tardes de verão na piscina com minha bóia de baleia, do chute no cóccix que eu levei do meu irmão no campinho de futebol. Casa imperfeita, cheia de goteiras nos dias de chuva, mas casa primeira da lista para as noites Natal da família Oliveira Lima. 

De repente bateu uma saudade fodida daquela minha casa. Foi duro não querer ao menos tocar sua campainha na madrugada. Aquele comentário de ZapZap mexeu comigo e logo em seguida recebi o link.

Oh Deus! Meus olhos não queriam acreditar no que viam. Meu cérebro até tentou me fazer acreditar que casa de massagem era outro nome para clinica de fisioterapia. 

Mas não...

Às vezes o ponto final é o formol que a gente precisa pra conservar a lembrança. A continuidade polui e mata a gente por dentro. 

Era melhor que a casa tivesse sido demolida, virado brita, viaduto ou até condomínio EZTEC 12 torres em estilo neoclássico com varanda gourmet.

Mas não... 

A casa que abrigou toda minha ingênua adolescência e minhas primeiras playboys da Cida Marques e da Marisa Orth, se perdeu no caminho. Agora dá abrigo aos homens de pistolas carentes e as moças profissionais da paixão. 

Se antes doía saber que eu não era o último que passou por aquela porta, agora dói mais que o quarto que eu jogava Mega-Drive virou lugar de foda. Prevaricação. Libertinagem. Surubão. 

Que o banheiro agora se inunda de toda aquela safadeza e putagem que um dia habitou apenas as minhas longas hora sequenciais de masturbação. 

E até a cozinha, onde arrisquei minhas primeiras biritas, virou lugar de drinks profissionais, pagos antes da subida para o segundo andar.

Mas ao mesmo tempo que sinto a tristeza de ver a minha casa se perder em meio a pênis desesperados e vaginas interessadas, a casa que eu morei pra sempre estará no meu coração. 

No fundo, sinto uma vontade fodida de ir lá. Pra tirar ela daquela situação. Pra dizer que ela não merece o presente que Deus lhe deus. 

Mas se já não posso mais fazer isso, que pelo menos eu possa voltar para o meu quarto pra buscar a minha tabela de basquete que esqueci no bauzinho. 

Nem que eu tenha que pagar R$200 reais com direito a beijo, champagne e banhinho quente no final. 


www.clinicasantuario.com. 


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